segunda-feira, 28 de junho de 2010

Programa de Cotas


Hoje foi mais um dia que o cachorro (filho da puta, desgraçado, eu vou matar ele um dia - sem pudor) do meu vizinho me acordou com seu latido muito tranquilizante. Apesar de ter começado o dia assim, pensei: aah, vamo lá tentar se divertir na aula -nmesmo. Foi então que o inesperado aconteceu: minha amada professora (dessa vez eu não tô sendo irônica) pediu para os alunos que tivessem entrado na universidade pelo sistema de cotas, viessem falar com ela pois eles tinham chance de conseguir uma bolsa para algum projeto do curso; foi aí que chegou o ápice da minha indignação, a qual irei relatar aqui para vocês:

- Eu não sei vocês, mas eu estudei tanto em colégio particular quanto colégio público, claro que o ensino é bem diferente, tenho que admitir que escolhi fazer jornalismo porque emburreci em matemática e até hoje eu não sei o que é função quando estudava em escola pública; entretanto, eu como alguém que teve o privilégio de estudar em boas instituições, não pude tentar fazer o vestibular por cotas, até aí tudo bem, tudo traquilo, porém agora existir até cotas nas bolsas dentro da universidade - um lugar que deveria promover a igualdade independente de raça, etnia ou classe social?

- Admito que a minha professora está correta em dizer que o programa de cotas é muito positivo no sentido de incentivar os alunos a continuarem a universidade, pois apesar de você conseguir entrar na faculdade, não quer dizer que vai conseguir manter-se economicamente. Porém, a maioria das pessoas sabem, aqui incluo a classe média, que tem muita gente que pode ter um ensino particular, porém prefere o público para poder entrar no sistema de cotas e passar mais facilmente no vestibular, tanto que quando chega no terceiro ano do ensino médio, essa mesma pessoa vai chegar e fazer um cursinho super caro para poder ingressar no curso que deseja intitulando-se como cotista.

- Outra coisa é ter cota para os afrodescendentes, me desculpe, mas diferenciar um povo tão miscigenado por raça é um ato preconceituoso (lembro-me quando fui fazer a inscrição do ENEM e tinha a pergunta fatídica: qual e sua cor? Eu simplesmente respondi que era indígena - fica a dica que eu sou branca como um leite - porém, a minha intenção foi dizer que todos no Brasil, tem um pé na senzala ou tem descendencia indígena - assistam o povo brasileiro de Darcy Ribeiro). Claro, que como minha professora sustentou, a maioria dos negros é de classe baixa - existe até um dado que diz que na Universidade Federal da Bahia, tem mais brancos que negros, sabendo que em Salvador a maioria da população é negra - porém, se já existe cota para o estudante de ensino público, então porque existir cota para os negros? Já que a maioria deles estuda em colégio público? E a minoria de negros que estuda em colégio particular e teve um bom ensino? Não é fato que os afrodescendentes têm as mesmas chances que qualquer homem ou mulher brancos? Para mim, isso não passa de puro racismo.

- Enfim, só queria dar meu ponto de vista (de pessoa classe média, que paga impostos e faz uma universidade estadual, sem ter passado por cotas). Se alguém tiver outra ideia sobre assunto, comenta aí, meu blog está pronto para receber críticas. Um beijo para galera!

2 comentários:

  1. Concordo com toooodas as palavras. "Tô chocado" com essa postura da universidade de destinar bolsas somente para cotistas. Meu caso é o mesmo: estudei tanto em escola pública como em particular, não sou cotista e não posso concorrer a uma bolsa. Não é só quem entrou por cota que precisa de dinheiro para se manter aqui (afinal sabemos que não fica nada barato para uma família de classe média bancar). Também acho que essa conversa de cotas para afrodescendentes é puro racismo e preconceito.
    Enfim, achei muito pertinente esse post. E fim.

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